Análise da situação das operações anfíbias da China no contexto de Taiwan - Parte 1
Uma Operação Anfíbia (OpAnf) é um tipo de operação militar lançada a partir do mar por uma força naval ou de desembarque em navios ou embarcações envolvendo o desembarque em uma praia hostil ou potencialmente hostil. Uma OpAnf requer a participação aérea intensiva e é caracterizada pela integração de forças treinadas, organizadas e equipadas com funções de combate diferentes. A complexidade da guerra anfíbia e a vulnerabilidade das forças engajadas nestas operações requerem um grau excepcional de unidade de esforço e coerência operacional. A dificuldade em conduzir as operações anfíbias irá ditar como o comandante irá considerar o planejamento, integração do teatro e apoio.
As operações anfíbias são planejadas e conduzidas primariamente para:
- ➡️ Preparar operações de combate adicionais;
- ➡️ Obter uma posição de avanço para bases aéreas, navais e terrestres;
- ➡️ Negar o uso de uma área ou instalação ao inimigo;
- ➡️Desviar forças ou atenção inimiga, fornecendo oportunidade para outras operações de combate.
O principal tipo de OpAnf é o Assalto Anfíbio (AssAnf), que é distinguido dos outros tipos de operações anfíbias, onde é envolvido o estabelecimento de uma força em uma praia hostil ou potencialmente hostil, o AssAnf é a mais completa das OpAnf. Outros tipos de operações anfíbias que não envolvem o estabelecimento de uma força de desembarque em uma praia hostil incluem:
➡️ Incursão (raid) Anfíbia (IncAnf). É uma operação anfíbia envolvendo incursões rápidas dentro do território inimigo ou uma ocupação temporária de um objetivo seguido por uma retirada planejada. As incursões são conduzidas para os seguintes propósitos: infringir perdas ou danos, obter informações, capturar ou evacuar indivíduos e/ou equipamentos, destruir o sistema de coleta de informações inimigos em apoio as operações de segurança e criar um desvio de atenção como ataque diversionário. Um exemplo seria a destruição de uma estação de radar na costa. As Incursões são operações limitadas pelo tempo e espaço e conduzidos por forças específicas e sempre envolvem a retirada da unidade, que pode ser uma brigada reforçada, uma vez que a missão esteja completada. Ele pode ser conduzido do mar usando mobilidade aérea e penetrando no território.
➡️Projeção Anfíbia (PrjçAnf). A projeção anfíbia utiliza-se das capacidades intrínsecas do conjugado anfíbio para introduzir em área de interesse, a partir do mar, meios para cumprir tarefas diversas em apoio a operações de guerra naval ou relacionadas, dentre outras contingências, com a prevenção de conflitos e a distensão de crises. É, também, apropriada para a condução de atividades de emprego limitado da força e benignas, tais como Operação de Evacuação de Não Combatentes (OpENC), operações de apoio a uma Força de Paz, resposta a desastres ambientais e operação humanitária.
➡️ Demonstração Anfíbia (DemAnf). É uma operação anfíbia conduzida para despistar o inimigo pela mostra de força com a expectativa de iludir o inimigo em um curso de ação desfavorável a ele. Uma demonstração é um meio de tentar diminuir o moral das forças inimigas sem comprometer as forças amigas. A Força é ameaçada por exercícios e demonstração da capacidade necessária para conter a ameaça percebida. Para que uma demonstração de força seja efetiva, a força que conduz a operação deve ter credibilidade. Durante a Guerra do Golfo em 1991, a presença de uma força do USMC na costa do Kuwait convenceu os comandantes iraquianos que uma OpAnf poderia ser realizada. Isto levou ao deslocamento de cinco divisões de infantaria e uma divisão mecanizada no sul do Kuwait, longe do ataque principal da Operação Sabre do Deserto no deserto do Iraque.
➡️ Retirada Anfíbia (RdaAnf). É uma operação anfíbia envolvendo a extração de forças pelo mar em navios ou embarcações anfíbias de uma praia hostil ou potencialmente hostil. Retirada anfíbia são conduzidas quando forças anfíbias operando em terra não são mais necessárias. Elas podem ser completamente retiradas do teatro ou redeslocadas em novas tarefas dependendo dos objetivos militares e político da operação. Um exemplo seria a retirada da Força Multinacional formada por americanos, britânicos, franceses e italianos de Beirute em 1986 após ela ter supervisionada a retirada da OLP, seguida pela operação Paz para a Galiléia.
A OpAnf viabiliza o acesso à área de interesse, por intermédio de ação conhecida como “entrada forçada”, e pode constituir o todo ou parcela da manobra no nível operacional na referida área. Outras operações podem estar ocorrendo coordenadamente no desenho operacional selecionado, destacando-se o Assalto Aeroterrestre ou Aeromóvel, se no alcance das aeronaves, as operações especiais, as ações de guerra cibernética e as operações de informação.
Tais operações podem ocorrer em apoio à OpAnf ou somando esforços na campanha como um todo. Assim, apesar da possibilidade de as Forças Singulares (FS) estarem atuando ativamente da campanha, o termo Força-Tarefa Anfíbia (ForTarAnf) refere-se exclusivamente à Força que realiza a OpAnf e não ao conjunto das Forças envolvidas da projeção de poder no nível operacional.
As OpAnf podem representar uma ferramenta essencial para a resposta, nos níveis estratégico e operacional, a crises ou conflitos. Mesmo com a participação de meios dos demais ramos e serviços, trata-se, basicamente, de uma operação naval, intrinsecamente dependente dos meios navais e aeronavais. O nível de especialização para as OpAnf recomenda priorizar o emprego de tropa anfíbia, de caráter expedicionário, constituídas por elementos especificamente treinados, adaptados a vida de bordo e dotados de equipamentos especialmente desenhados para o seu embarque e desembarque. Cabe ressaltar que, em tempo de paz, uma OpAnf pode ser adequada para cumprir múltiplos propósitos.
A OpAnf é uma operação de projeção de poder, de caráter naval, realizada pelo conjugado ForTarAnf - Força de Desembarque (ForDbq), lançada do mar sobre região litorânea hostil, potencialmente hostil ou mesmo permissiva, para cumprir missão designada. O desembarque é executado por meios de superfície e/ou aeronavais, podendo ser complementado por transporte marítimo ou aéreo para portos e aeroportos. O apoio logístico à ForDbq é, basicamente, proveniente dos navios da ForTarAnf, podendo ser, caso necessário, complementado por transporte marítimo ou aéreo, este último com a opção de lançamento de cargas por paraquedas. Na OpAnf, o mar é utilizado como espaço de manobra da ForTarAnf, seja no nível tático ou mesmo operacional. É conhecida como a mais complexa das operações militares devido à diversidade de meios navais, aeronavais e de Fuzileiros Navais, podendo incluir ainda meios das outras FS, o que requer grande coordenação e sincronização das ações para a sua execução.
Força-Tarefa Anfíbia
Denomina-se ForTarAnf a Força organizada por tarefas, composta de Unidades Navais, de Força de Desembarque e de Unidades Aéreas embarcadas, sob o comando de um Oficial da Marinha do Corpo da Armada, destinada a realizar uma operação anfíbia. O Comandante da Força-Tarefa Anfíbia (ComForTarAnf) é o Oficial do Corpo da Armada designado para conduzir uma OpAnf. Embora seja normal que todas as FS se façam presentes na realização de uma OpAnf, a Força-Tarefa Anfíbia somente será titulada Conjunta (ForTarAnfCj) quando se fizerem presentes as condições para tal estipuladas em especial se composta por elementos de mais de uma FS, sob comando único, quando comparadas ao vulto da ForTarAnf/ForDbq, efetivamente como parcela destas forças e realizando tarefa diretamente relacionada com a missão. A participação de outra Força em apoio à ForTarAnf não caracterizará, por si só, tal situação.
Força de Desembarque:
É a designação genérica das unidades destinadas à realização de uma Op Anf.
Área do Objetivo Anfíbio:
É a área geográfica normalmente estabelecida, englobando porção de mar e de terra, bem como o espaço aéreo sobrejacente, onde são desenvolvidas as principais ações da OpAnf. É de responsabilidade do ComForTarAnf, que possuindo assim, o controle operacional/controle tático das forças subordinadas, conforme o conceito da sua operação, e o controle operacional das forças amigas, caso estas desenvolvam ações ou transitem na Área de Objetivo Anfíbio (AOA). Caso estas forças amigas estejam meramente em trânsito pela AOA, este controle será exercido apenas na medida necessária para impedir ou minimizar uma interferência mútua. O Comandante da Força de Desembarque (ComForDbq) normalmente recebe delegação para controlar as ações na porção terrestre da AOA.
Fases da Operação Anfíbia:
Embora as fases aqui relacionadas refiram-se ao AssAnf, os conceitos e princípios são aplicáveis, também, às outras modalidades de OpAnf.
➡️ Planejamento - Corresponde ao período decorrido desde a expedição de uma Diretiva Inicial (DI) para uma OpAnf até o embarque dos meios. Embora o planejamento da operação não cesse efetivamente ao término dessa fase, é conveniente distingui-la, devido às diferenças que ocorrerão nas relações de comando.
➡️ Embarque - Compreende o período durante o qual as forças e seus meios são embarcados nos navios previamente designados. Essa fase estará terminada com a partida dos navios.
➡️ Ensaio - É o período durante o qual a operação é ensaiada, ocorrendo, normalmente, durante a Travessia. O Ensaio é realizado para testar a adequação dos planos, proporcionando a familiarização da tropa embarcada com os mesmos, são confirmados os tempos dos eventos planejados. Serão testadas, ainda, a prontificação do pessoal e das comunicações.
➡️ Travessia - Abrange o movimento da ForTarAnf desde as áreas de embarque até as áreas previstas no interior da AOA (Área do Objetivo Anfíbio), designada Área de Desembarque (ADbq). Nessa fase, deverão ser realizados exercícios, detalhado e disseminando o planejamento.
➡️ Assalto - Corresponde ao período entre a chegada do Corpo Principal da ForTarAnf à ADbq e o término da OpAnf, compreendendo o Movimento Navio-para-Terra (MNT) e as ações conduzidas em terra. É nessa fase que a ForDbq é projetada em terra para cumprir suas missões, de acordo com um conceito de operação próprio, denominado Conceito de Operação em Terra.
➡️ Faseamento modificado - A sequência natural das fases abaixo descritas pode ser alterada devido à premência de tempo para deslocar a ForTarAnf ou devido ao sigilo da operação. Nessas situações, o embarque ocorreria antes do planejamento que, por sua vez deverá se considerar a forma como a ForDbq embarcou e limitadas possibilidades de sua alteração.
Término da Operação Anfíbia e operações subsequentes:
A OpAnf estará encerrada quando o ComForTarAnf der por cumprida a sua missão, observadas as condições estabelecidas na DI. As operações que se sucedem ao término da OpAnf na campanha são denominadas operações subsequentes e não constituem parte da OpAnf. A DI deverá conter as instruções sobre a dissolução da ForTarAnf após o término da Operação.
Vamos analisar somente a Fase de Assalto para compreender como seria uma execução planejada de uma OpAnf. Um assalto pode ter quatro fases. Inicialmente, o desembarque de forças avançadas é seguido por equipes de observação avançadas, operações de contra-minagem e finalmente o assalto anfíbio. As forças avançadas realizam reconhecimento da praia e localizam meios inimigos. As equipes de observação avançada direciona Apoio de Fogo Naval (Naval Gunfire Support - NGS) e aéreo contra posições inimigas e também criam um ataque divisionário e despistador para o inimigo sobre a localização do assalto principal. O assalto anfíbio começa na ordem do ComForTarAnf e envolverá não apenas embarcações de desembarque, mas também helicópteros para colocar tropas na praia ou em terra e que fornece uma capacidade de penetração e maior profundidade a cabeça de praia.
Quando os desembarques anfíbios têm um papel subordinado, a preferência é para desembarques de pequena escala. O uso é diferente entre os países, principalmente entre a OTAN e o antigo Pacto de Varsóvia. Para os Ocidentais, conquistar uma cabeça de praia é sempre o prelúdio de uma ação extensa em terra. Os Marines (USMC) fizeram um desembarque administrativo (sem oposição) no Vietnã e combateram em terra permanentemente. Os britânicos fizeram o mesmo nas Malvinas, onde os Comandos desembarcaram junto com os paraquedistas (Pqd) e combateram lado a lado em toda a campanha. Tropas do US Army também desembarcaram junto com o USMC na Normandia. Na França não existe unidade especializada em operações anfíbias, mas algumas tem treinamento em operações anfíbias. As próprias tropas do exército são embarcadas e a marinha francesa (Marine Nationale/La Royale) é responsável pelas tropas de forças especiais, organização da praia e navios anfíbios. O Exército Francês (Armée de terre) tem duas Divisões blindadas leves envolvidas em rotinas de operações anfíbias que terá apoio em Brigadas (2 blindadas, 2 mecanizadas, 2 blindadas leves, 1 montanha, uma pqd, 1 aeromóvel, incluindo os helicópteros, 4 de apoio de combate e 2 apoio de serviço). No bloco comunista, estas tropas especializadas apenas seguram uma cabeça de praia (ou conduzem incursões mais no interior). Esforços subsequentes seriam unidades de infantaria mecanizada, se o terreno permitir, com suporte de artilharia. A retirada da infantaria naval é feita o mais rápido possível para mantê-la disponível para assegurar o sucesso de outros desembarques. Outra tarefa pode ser assegurar a defesa costeira.
Os desembarques anfíbios têm a característica de armas combinadas. Nenhum desembarque anfíbio pode ter sucesso ao menos que se consiga superioridade naval e aérea temporária. Uma preparação de fogos pesados também é necessária para suprimir todas as defesas preparadas do inimigo. Muitos fogos são feitos pelo ar, incluindo o uso de helicópteros armados em tarefa de escolta. A artilharia da força principal também deve ser capaz de fornecer apoio em desembarques superficiais. Para o sucesso de desembarques anfíbios e aéreos, também é necessário obter um quadro preciso das forças aéreas, navais e terrestres inimigas no alcance da intervenção. Uma coleta de dados intensiva sempre precede o desembarque.
Um desembarque de helicóptero ou aerotransportado precede ou acompanha qualquer desembarque anfíbio importante. Se o desembarque anfíbio é de pequena escala e curto, uma força helitransportada pode ser suficiente. Contudo, um desembarque maior e mais profundo pode necessitar de um desembarque aéreo. O lançamento aéreo (pouso ou paraquedista) de forças terrestres pode ser necessário para assegurar uma cabeça de ponte, porto ou aeroporto, interditar a aproximação das reservas inimigas ou atacar pontos importantes da retaguarda.
As unidades de infantaria naval constituem o primeiro escalão de uma operação anfíbia de nível operacional. Elas têm a responsabilidade de arrombar obstáculos antidesembarque na água e na praia, de conquistar uma cabeça de praia e para defender a chegada da força principal na área de desembarque. Quando chegam na praia, as unidades de infantaria naval empregam táticas de acordo com as empregadas pela força principal. Elas chegam a 1,5-2 km da praia, 15 minutos antes do assalto anfíbio. Sua missão imediata é estabelecer uma linha para dar proteção o desembarque e o deslocamento das forças de segundo escalão. O primeiro escalão também recebe um eixo de avanço posterior (e o objetivo final do desembarque). Quando a infantaria naval conquista a cabeça de praia, as unidades de infantaria mecanizada desembarcam no segundo escalão. Neste ponto (doutrina Russa), eles tomam conta da batalha. Eles substituem, ao invés de reforçar, a força de assalto, mesmo se elas sofreram poucas baixas. O objetivo é deixar a infantaria naval disponível para outros desembarques.
Categorias dos Desembarques Anfíbios:
Os Desembarques Anfíbios podem ser divididos numa escala de Estratégico, Operacional e Tático. Categorias especiais incluem reconhecimento e sabotagem. Um desembarque também pode ter uma missão secundária, como a defesa de costa.
Desembarques anfíbios estratégicos podem apoiar as forças de teatro ao abrir uma nova área de operações militares. O propósito é exercer uma influência decisiva no curso da guerra como um todo. Ele pode chamar pelo emprego de força multidivisional, com apropriado emprego de apoio aéreo e naval. Devido aos meios de vigilância modernos, apenas desembarque de curto alcance conduzido durante a noite tem chances de conseguir surpresa que é um item crítico para o sucesso. Apenas o apoio logístico necessário para o desembarque de um Corpo de Exército (C Ex) de grande força é uma razão para favorecer desembarque superficial de pequena escala. Sem perder a experiência, mas consciente da complexidade e dificuldade das operações anfíbias estratégicas, é pouco provável que ocorra novamente um desembarque como o da Normandia (100 mil tropas e mais de 500 navios e lanchas de desembarque). O mais provável é a ocorrência de desembarques anfíbios táticos e operacionais limitados.
Dependendo da força do inimigo, mesmo desembarques anfíbios operacionais são arriscados, não devendo ser tentados fora do alcance da cobertura e apoio de forças aéreas baseadas em terra. Desembarques desta escala devem ser seguidos de uma Brigada de infantaria naval como o primeiro escalão. O segundo escalão, consistindo de tropas de infantaria mecanizada, seguirá como a força principal. O propósito é ajudar as forças de terra ou forças navais em uma região costeira a cercar e destruir as forças navais e terrestres na área. Outro objetivo é executar o envolvimento principal contra o flanco inimigo na parte costeira. Outra possível missão inclui a conquista de ilhas grandes ou grupos de ilhas, estreitos marítimos, bases navais e outros objetivos costeiros importantes. Então, é possível que um desembarque anfíbio operacional tenha consequências estratégicas importantes.
Os desembarques anfíbios táticos são os mais frequentes de todos. O objetivo é atacar a área de retaguarda ou flanco de uma força inimiga na linha costeira ou tomar ilhas, bases navais, aeroportos costeiros, portos e outros objetivos em uma região tomada pelo inimigo. Isto desvia a atenção e recursos do inimigo para longe da área decisiva do campo de batalha. A força de infantaria naval pode ser um Batalhão ou mais, operando independentemente ou em conjunto com forças de terra (em terra ou em conjunto com um assalto aéreo). Os desembarques táticos normalmente atingem até 50 km dentro do território inimigo em sua área de retaguarda. Na ofensiva, as forças de desembarque táticas podem conquistar pontes ou cruzamentos próximos a costa e segurá-los até a chegada de forças principais. Estes desembarques podem parar ou atrasar os reforços inimigos ou cortar sua linha de retirada. Eles podem ajudar em manter o avanço das tropas de terra ou podem ter motivos de despistamento (dissimulação). Então, os desembarques de escala táticos podem ter repercussões operacionais importantes.
O reconhecimento e a sabotagem são categorias especiais de desembarque anfíbio. As incursões podem ser realizadas por vários motivos:
- ➡️ Conduzir reconhecimento;
- ➡️ Danificar ou destruir instalações de alto valor localizados próximos á costa;
- ➡️ Atrapalhar o Comando & Controle e/ou logística inimigo;
- ➡️ Manter quantidades substanciais de tropas inimigas na defesa de grandes e vulneráveis áreas costeiras.
A força naval empregada consiste normalmente de um Batalhão, Companhia ou Pelotão. O lançamento marítimo de equipes de Forças de Operações Especiais (ForOpEsp) também podem realizar reconhecimento em profundidade de importância operacional e estratégica.
A utilidade de uma operação anfíbia resulta da mobilidade e flexibilidade (habilidade de concentrar forças balanceadas e atacar com força num ponto selecionado no sistema de defesa hostil). As operações anfíbias exploram o elemento surpresa e capitalizam as fraquezas inimigas pela projeção e aplicação de poder de combate no momento e local mais vantajoso. A ameaça de uma força anfíbia pode induzir o inimigo a desviar forças, preparar defesas, desviar recursos principais para defesas costeiras ou dispersar forças. Estas ameaças podem resultar num esforço desgastante e caro para o inimigo no sentido de defender suas linhas costeiras. Os requerimentos de um assalto anfíbio, que é principal tipo de operação anfíbia, é a necessidade de mudança, pela construção ininterrupta de poder de combate suficiente na praia de uma capacidade inicial zero para um poder de ataque coordenado com a progressão em direção aos objetivos finais da força tarefa anfíbia.
As operações anfíbias podem envolver alto risco e alto custo para cumprir sua missão crítica. A completa apreciação de uma operação anfíbia deve incluir o reconhecimento das limitações do comandante, ou seja, a vulnerabilidade da força de desembarque durante os estágios iniciais do desembarque. A força em terra firme deve ser construída do zero para uma força coordenada e balanceada capaz de cumprir a missão destinada. Durante a operação anfíbia, particularmente durante a fase altamente vulnerável do Movimento Navio-Terra (MNT), o sucesso pode depender na habilidade de integrar os recursos de defesa aérea das forças baseadas em terra e navais para isolar a área de operação de plataformas aéreas hostis e armas de ataque aéreo ao máximo possível.
Resumindo
A guerra anfíbia é uma das mais caras e arriscadas formas de combate já desenvolvidas. É necessário mover cargas difíceis de controlar (tropas de combate), alimentá-las, cuidá-las e trazê-las de volta por águas hostis até a praia inimiga. É necessário entregá-las, com seu equipamento e suprimento até a praia para lutar em terra. Então, eles tem de esperar as forças que darão continuidade ou evacuar no fim da missão. A condução de desembarque além do alcance visual e do radar inimigo é uma técnica que emprega conceitos de guerra de manobra como surpresa, velocidade operacional, flexibilidade operacional e táticas de mobilidade para conseguir uma vantagem tática sobre o inimigo que pode ser decisivamente explorada enquanto minimiza o risco para os navios de assalto. O conceito americano de assalto além do horizonte (OTH) é de não se aproximar da costa. Os navios anfíbios ficam entre 50 e 450 km da praia, fora do alcance dos sensores e armas inimigas na costa. Plataformas rápidas como os LCACs, AAAVs, MV-22 e CH-53 farão o trabalho de desembarque nas horas mais críticas do desembarque e depois seriam apoiados por meios convencionais. Estes meios garantem que o comandante não precise se preocupar com a topografia (areia, argila, inclinação da praia etc) ou condições oceanográficas (marés e estado do mar). A área de operação ou "espaço de batalha", será expandida, fazendo o problema de defender a costa muito mais difícil. Os navios estarão fora dos campos minados na costa e a aviação não poderá usar o terreno para fazer ataques surpresas. Permanecer próximo a costa aumenta as perdas. Em 1982, os britânicos perderam dois destróieres, duas fragatas, dois LSD e um porta-container, além de incontáveis navios avariados. Em 1991, uma incursão na ilha Fayalka para destruir radares, centros de comunicações e postos de comando, além de capturar tropas iraquianas, foi cancelado após os USS Tripoli (LPH-l0) e o USS Princeton (CG-59) baterem em minas no dia 18 de fevereiro. A ameaça de mísseis balísticos, muito difíceis de serem destruídos, também é dificultada se o inimigo não conseguir obter a posição da Força-Tarefa (FT).
Cabeça de Praia
Uma cabeça de praia é região em uma praia hostil, ou potencialmente hostil que, quando atacada ou tomada, assegura o continuo desembarque de tropas e materiais e fornece espaço de manobra necessário para as operações posteriores em terra. Este é o objetivo físico em uma OpAnf. A área de desembarque é a parte da área do objetivo onde a operação de desembarque de uma força anfíbia esta sendo realizada. Ela inclui a praia, as imediações da praia, as áreas de transporte, as áreas de apoio de fogo, o espaço aéreo ocupado pelas aeronaves de apoio e a área terrestre incluída no avanço ao objetivo inicial. Uma praia de desembarque é a porção da região costeira geralmente necessária para o desembarque de uma equipe de desembarque de batalhão. Contudo, ela também pode ser a porção de linha costeira constituindo uma localidade tática (praia ou baia) onde uma força maior ou menor que uma equipe de desembarque de batalhão possa ser desembarcada. Uma Zona de Desembarque de Helicóptero (ZPH) é uma área terrestre específica para os helicópteros de assalto embarcarem e desembarcarem tropas e/ou cargas. Uma zona de desembarque pode conter um ou mais local de desembarque.
Estratégia Geral
Uma operação naval usando navios de superfície, submarinos, aeronaves e infantaria naval pode ser uma parte integral de uma estratégia ofensiva em um teatro continental. As missões destas operações podem incluir:
- ➡️ Destruição de forças ofensivas navais inimigas no mar;
- ➡️ Neutralização das forças navais inimigas em suas bases;
- ➡️ Defesa de forças navais estratégicas;
- ➡️ Defesas de linhas de comunicação marítimas (LCM);
- ➡️ Proteção do flanco costeiro do teatro de um ataque pelas forças navais e anfíbias inimigas.
Os componentes navais podem também suportar missões na praia ao participarem de operações anfíbias e fornecerem apoio de fogo naval e defesa aérea, apoio logístico as operações em terra. Os submarinos podem também lançar mísseis de cruzeiro. A capacidade de dominar regiões litorâneas e os portos ou costa seja por ar, bombardeio naval, ataque com mísseis de cruzeiro, ou pela intervenção por força anfíbias dão a qualquer governo de potências marítimas um meio estratégico e diplomático único. Em relação a um velho adágio militar, "quantidade tem uma qualidade em si próprio", parece favorecer os fuzileiros, mas mesmo forças anfíbias pequenas e bem treinadas contra um alvo estratégico importante podem ser um multiplicador de força. Uma força naval anfíbia deve fornecer flexibilidade e capacidade adaptativa de resposta a crises de armas combinadas e uma capacidade de autossustentação.
Tarefas Múltiplas para as Forças Anfíbias
O grau de ênfase dada as operações anfíbias refletem a situação política nos dias atuais. Com o fim da Guerra Fria e a atenção renovada a resposta a crises e operações fora da área de fronteiras em águas litorâneas, demandam muito das forças anfíbias e estão aumentando e se tornando mais e mais decisivas. Contudo, a aquisição de novos navios anfíbios - refletindo a importância renovada nestas operações - é apenas metade da história. As forças anfíbias são expandidas em face das novas ameaças e tarefas. Exemplos incluem operações da ONU no Haiti e Somália, assim como o CSAR (busca e salvamento de combate) para resgatar o Capitão O'Gradey na Iugoslávia em 1995.
Além das operações de combate, as forças anfíbias podem conduzir evacuações de civis, apoio a forças de paz e operações de policiamento assim como fornecer força naval na diplomacia e operações benignas. Desde que compreendidas a efetividade das forças anfíbias, estas operações militares e civis são melhores examinadas em maiores detalhes.
As forças anfíbias também podem realizar operações de evacuação quando civis de estados aliados são ameaçados por instabilidades locais no exterior. A Unidade Expedicionária de Fuzileiros do 22º Corpo (Marine Expeditionary Unit - Special Operations Capable) e uma FT ar-terra de fins especiais de fuzileiros conduziram a Operação Assured Response, compreendendo uma operação de evacuação na Libéria no verão de 1996.
O despacho de uma força naval em apoio diplomático é um forte meio diplomático na política externa. O envio para o Sul de uma FT britânica em direção as ilhas Malvinas em 1982 contribuiu nas negociações entre a Argentina e os Britânicos e impôs um limite claro.
No apoio a missões de paz, as forças anfíbias têm a vantagem de terem a suas próprias acomodações e comunicações no teatro e podem permanecer em segurança no mar. As forças anfíbias e navais também podem ser necessárias para realizar prevenções de conflito, missões de paz, reforço de paz e operações de construção de paz.
Em operações de policiamento, as forças mantêm a lei e implementam a estabilização de um regime por um mandato internacional. Isto pode ser incluir operações de contrabando, contraterrorismo marítimo e reforço de embargo. Na América Central e do Sul, unidades de operações ribeirinhas patrulham os principais cursos de água e ajudam no policiamento da costa. Nestas operações são levadas armas, mas usadas apenas em autodefesa.
Operações benignas são melhores exemplificadas pelo trabalho do USMC e Fuzileiros Reais na América Central após a devastação do furacão Max em 1989. Operações benignas podem incluir assistência a refugiados, tarefas de construção e apoio a desastre. A combinação das habilidades e equipamentos médicos disponíveis na força anfíbia a torna ideais neste tipo de operação.
Fuzileiros x Paraquedistas
Um princípio importantes da Doutrina militar é a inserção de forças nas áreas de retaguarda do inimigo para destruir a estabilidade e coesão das defesas. As operações anfíbias são um meio de se obter este objetivo durante operações no eixo costeiro.
Existe um longo debate no que seria o mais importante: soldados anfíbios ou aerotransportados. As duas forças podem realizar as operações descritas acima. As forças aerotransportadas (Pqd) são úteis no caso de desembarque em profundidade no território ou diretamente no objetivo. Um bom exemplo é a Operação Leopardo, onde os soldados do 2º Regimento Paraquedista da Legião Estrangeira (2e REP) que soltaram em Kolwezi no Congo em 19 de maio de 1978. A operação foi realizada para liberar 2.300 engenheiros de minas europeus e seus familiares tomados como reféns pela Frente de Libertação Nacional Congolesa que cruzaram a província de Shaba e capturaram a cidade. Contudo, a logística e recuperação das operações aerotransportadas podem ser muito complexas e se equipamentos e provisões pesadas tiverem que ser lançadas por ar, os paraquedistas necessitaram da captura e manutenção de um aeroporto viável. Por outro lado, as forças anfíbias são muito mais autossuficientes que as forças aerotransportadas, apesar da velocidade de reação ser muito menor e dependendo da distância e tempo disponível, além de uso questionável.
Assalto Aéreo
A doutrina do assalto aéreo foi desenvolvida no fim da Guerra da Coréia e aperfeiçoada na Guerra do Vietnã. Ela introduziu o princípio da manobra navio para o objetivo. O assalto aéreo permite que a área de assalto seja bastante variada podendo a força de assalto explorar lacunas nas defesas, atacar os flancos e retaguarda do inimigo. A área a ser defendida passa a ser muito maior e precisa de defesas muito mais numerosas com armas e sensores mais avançados.
- ➡️ Velocidade, mobilidade e manobrabilidade superior;
- ➡️ Flexibilidade - pode ser usado após o desembarque e não apenas durante ele;
- ➡️ Surpresa e despistamento - as aeronaves decolam além do horizonte, podem usar o terreno e ficam pouco tempo expostas sobre a área de transito;
- ➡️ Tem capacidade orgânica de evacuação aeromédica (EVAM), SAR e resgate. Leva os feridos após desembarcar tropas ou cargas quando próximo as tropas e além das praias;
- ➡️Tem poder de fogo orgânico, seja da própria aeronave ou de helicópteros de escolta;
- ➡️ Opções de zonas de pouso expandido. Não se limita as praias e pode desembarcar sem tocar o solo (rapel);
- ➡️ Complica o problema de defesa do inimigo. A área a ser defendida é imensamente maior pois inclui a região interior a praia. Nas embarcações convencionais, as praias apropriadas para o desembarque seriam as mais bem defendidas pelo inimigo. No assalto aéreo é bem provável de se encontrar as defesas dispersas e menos densas e o inimigo precisará de sistemas avançados para agir com eficiência;
- ➡️ O desembarque pode começar um dia antes do dia D com a inserção de precursores e com desembarques "secos" onde a aeronave toca o solo e não desembarca tropas. O objetivo é dispersar as tropas inimigas na procura de tropas que não existem;
Entre as desvantagens temos:
- ➡️ Limitação de carga (peso e volume). As embarcações de desembarque podem carregar um volume e peso muito superior aos helicópteros incluindo tanques pesados. São mais eficientes a longo prazo após o desembarque inicial e por isso não são descartados;
- ➡️ Dependente das condições ambientais. Os helicópteros têm problemas para voar com mau tempo e a noite sendo necessário equipamentos especiais para isso;
- ➡️ Vulnerabilidade. Os helicópteros são extremamente frágeis a danos de combate se comparados com as embarcações que possuem blindagem;
- ➡️ Ingresso/egresso/convoo. Os helicópteros precisam se reabastecer com frequência muito maior e em locais próprios. Um ponto de reabastecimento na praia é um modo de diminuir esta necessidade de viagens até o navio mão;
- ➡️ Necessidade de supressão de defesas aéreas (artilharia antiaérea/mísseis AAe). Por ser vulnerável os helicópteros precisam de um preparo da região a ser sobrevoada para eliminar as defesas especializadas e os armamentos normais encontrados no campo de batalha;
- ➡️Disponibilidade. Devido a complexidade mecânica dos helicópteros, sua disponibilidade é menor que as embarcações. As embarcações têm condições de operarem normalmente com equipamentos danificados;
- ➡️ Navegação. Devido a alta velocidade de trânsito, os helicópteros tem o problema de navegação mais complexo e intenso sendo necessário maior treinamento e equipamentos especializados;
- ➡️ O consumo de combustível dos helicópteros é muito maior do que as embarcações e aumenta os problemas logísticos;
Entre as missões dos helicópteros durante o assalto anfíbio temos:
➡️ Assalto - transporta tropas e equipamentos até a cabeça de praia;
➡️ Logística de combate - transporte de munição, combustível, víveres e outras cargas;
➡️Mobilidade das tropas na praia - Permite que as tropas se desloquem mais rápido no interior a partir da cabeça de praia;
➡️ Escolta - É feito por helicópteros armados ou especializados ou por aeronaves de asa fixa. Devem defender inimigos tanto no solo quanto no ar;
➡️ Apoio aéreo aproximado - É feito por helicópteros armados ou por aeronaves de asa fixa;
➡️ Evacuação médica - EVAM;
➡️ Busca e salvamento - SAR;
➡️ Reconhecimento visual e armado;
➡️ Controle aéreo para operações de assalto aéreo de longo alcance;
➡️ C3 para operações de assalto OTH de LCACs e outras embarcações anfíbias;
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